Na manhã desta terça (12), o primeiro-ministro do Haiti anunciou sua renúncia via redes sociais. Ariel Henry tinha viajado para o Quênia tentando um acordo para o envio de forças para combater a violência no país. No entanto, os diversos ataques ao Aeroporto Internacional do Haiti impediram seu retorno.
“O Haiti precisa de paz, estabilidade, desenvolvimento duradouro”, disse Henry no vídeo de sua renúncia.
Sem eleições desde 2016, Ariel Henry, assumiu o poder em 2021, após assassinato de Jovenel Moïse. Inclusive o Haiti não conta com um parlamento. Conforme acordo feito em 2022, Henry deveria deixar o cargo em sete de fevereiro deste ano. Contudo, no dia 28 de fevereiro ele veio a público informando que faria eleições somente em 2025, alimentando a onda de violência.
Uma reunião de emergência da Caricom (bloco de cooperação econômica e política dos países do Caribe) foi realizada nesta segunda-feira (11) na Jamaica, com participação de representantes da ONU, Estados Unidos e França. Com a participação do primeiro-ministro do Haiti por vídeo chamada, foi decidida a criação de um conselho de transição. Sem apoio internacional, Ariel se viu na obrigação de renunciar. Assim, ele formou um conselho que irá controlar o país e realizar as eleições no Haiti.
O conselho será formado por sete representantes de vários grupos sociais, inclusive partidos políticos, com direito a voto, mais dois observadores sem direito a voto: um da sociedade civil e outro da comunidade religiosa. Segundo o arual líder da Caricom e presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, o conselho “selecionará e nomeará rapidamente um primeiro-ministro interino“, que irá liderar o país até a realização de eleições.
Primeiro-ministro do Haiti renuncia em meio à violência de gangues.
Ariel Henry passou o cargo para um conselho de transição. “Peço a todos os haitianos para se manterem calmos”, afirmou em vídeo. pic.twitter.com/d17f79QlRS
— Metrópoles (@Metropoles) March 12, 2024
Grupos armados diante da renúncia do primeiro-ministro do Haiti
Apesar da mudança, o Jimmy “Barbecue” Chérizier não se mostrou satisfeito durante uma coletiva transmitida por suas redes sociais na tarde de terça-feira (12). Ele alega que está envolvido em uma “revolução sangrenta”, “para libertar o Haiti de grupos políticos tradicionais e oligarcas corruptos.”
Em suma, o Haiti é um país dominado por grupos armados. Após a recusa do primeiro-ministro do Haiti em deixar o cargo e realizar eleições, os conflitos aumentaram, com ataques contra delegacias e à maior penitenciária do país, com a libertação de diversos detentos.
O grupo que reivindica a ação é o “Vivre Ensemble”. Ele vem da união de várias gangues, além de outros grupos menores. Seu atual líder e porta-voz é Jimmy “Barbecue” Chérizier, um ex-policial que alega lutar contra um sistema em que a classe dominante esmaga os mais pobres.
Ele conta que o seu apelido “Barbecue” (churrasco em inglês) vem do fato de sua mãe vender churrasquinho de frango durante sua infância. Outras pessoas alegam que a alcunha vem do fato dele queimar os corpos (vivos ou mortos) de pessoas que ele quer que desapareçam.
* Com informações de Agência Brasil, Reuters, BBC, Terra e Mídias Sociais das personagens
** Imagem em destaque: Ariel Henry, primeiro-ministro do Haiti – Crédito: Prensa Presidencia, CC BY 3.0 <https://creativecommons.org/licenses/by/3.0>, via Wikimedia Commons