A situação do presidente Gustavo Petro na Colômbia não vai nada bem. O último domingo (21) foi marcado por protestos contra a reforma de Petro. Além de não conseguir apoio no Congresso para as reformas, um dos seus maiores objetivos, que seria o acordo com o ELN (Exército de Libertação Nacional), não avança. Pablo Beltrán, chefe de negociadores do grupo com o governo, chegou a afirmar ao El País que “a negociação com o Petro é pior do que com Uribe, Santos e Duque”.
No início de abril, após a rejeição de uma proposta de reforma da saúde por um comitê do Senado, houve uma marcha. A proposta buscava reduzir o poder das seguradoras e ampliar o acesso aos cuidados médicos.
Além disso, o governo assumiu o controle de duas grandes seguradoras, alegando que não estavam atendendo adequadamente os pacientes. Há expectativa de que o governo apresente uma nova versão da reforma da saúde quando a nova sessão legislativa começar em julho. Em paralelo, as discussões sobre reformas previdenciária e trabalhista estão em andamento.
A reforma de Petro, segundo ele, visa combater a desigualdade na sociedade colombiana. No entanto, seus oponentes argumentam que prejudicarão a economia já em dificuldades do país. Essas reformas foram as principais promessas de campanha do presidente, o qual assumiu o cargo em 2022.
Os protestos na Colômbia
No domingo (21), cerca de 70 mil pessoas marcharam em Bogotá. Durante a marcha, os manifestantes gritaram “fora Petro”. Além disso, à CNN, algumas pessoas compartilharam suas impressões sobre o governo.
“O sistema de saúde, apesar de suas falhas, estava funcionando e agora Petro está acabando com ele, mergulhando em uma crise os pacientes que não têm assistência médica ou medicamentosa”, declarou uma médica de 45 anos, identificada como Monica Leon.
Já um contador de 52, chamado Miguel Angel Larrota, disse à CNN que estava exigindo que o presidente “não destrua o que funciona e acabe com a corrupção que prometeu combater”.
🇨🇴🪧🗣️⚡️ — Hoje também houve uma manifestação em grande escala em várias regiões da Colômbia, pedindo a renúncia do presidente de esquerda Gustavo Petro. pic.twitter.com/o9ICrdaITh
— OnePaul (@OnePaul87) April 21, 2024
Além da reforma de Petro: as negociações com o ELN
Ao El País, Beltrán, chefe de negociadores do grupo guerrilheiro nas negociações de paz com o governo, aponta que o presidente vem tensionando até o limite as negociações. Em alguns pontos, Beltrán entende que Petro parece não ter respeito com sua organização.
Por exemplo, os navios da Petro mantêm, em paralelo, um diálogo com uma frente armada do ELN que se declarou rebelde e não acata as ordens da direção. O chefe dos negociadores afirmou que este é um assunto interno que está sendo resolvido, mas Petro não parece considerar isso.
Na visão de Beltrán, o presidente sente que seu mandato, já com mais de um ano e meio, está escapando de suas mãos. No momento, ele busca um acordo rápido que indique que ele, um ex-combatente que fez a paz com sua bandeira, está convencendo a guerrilha a abandonar as armas e se integrar à democracia colombiana.
No entanto, o chefe de negociadores da ELN, desconfia de ações precipitadas. Não é por acaso que essas conversas perduram com diferentes governos desde 1998.
“Eu disse algo à mesa e eles ficaram ofendidos: nem [Álvaro] Uribe, nem [Juan Manuel] Santos ou [Iván] Duque nos fizeram isso. Estamos piores com Petro do que com esses presidentes. Estamos muito ofendidos. Nunca um Governo esticou tanto a corda como desta vez”, declarou Pablo Beltrán.
** Texto com informações da CNN e El País.
*** Imagem de destaque: Reforma de Petro causa protestos na Colômbia – Crédito: Reprodução/X (antigo Twitter)